Práticas Educativas – um diálogo
constante
Diário de aprendizagem
Quinta- feira, 25 de abril de
2019
Sequências Didáticas
Nessa aula, os colegas iniciaram as apresentações
das sequências didáticas, três propostas foram socializadas, todas relevantes e
em harmonia com o objetivo de formação integral do sujeito. Dentre elas,
escolhi para análise a sequência construída sobre o tema: Gênero jornalístico e o jornalismo do século XXI.
Protótipo - Sequência Didática
Tema:
Gênero jornalístico e o jornalismo do século XXI
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Objetivo
geral:
* Compreender o gênero jornalístico.
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Objetivos
específicos:
* Conhecer a História do jornal;
* Entender a diferença entre jornal
escrito e digital;
* Debater o gênero sob o olhar
Histórico-social;
* Elaborar jornal digital.
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Recursos: vídeo, texto, filme, computador, internet,
exposição oral.
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Conteúdo: Língua Portuguesa, Sociologia, História, Filosofia.
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Fundamentação
teórica:
*Vigostki- interação com o meio;
* Wallon- aprendizagem lúdica;
* Freire- aprender a aprender.
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Duração: 10 aulas de 50 minutos
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Metodologias
ativas:
*
Brainstorm;
*
Debate;
*
Juri simulado;
*
Dinâmicas: Hora da História e desafio;
*
Roda de conversa;
*
Visita externa;
*
Bate-papo com especialistas.
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1ª
aula (2 aulas):
*
Levantamento do conhecimento prévio:
*
Brainstorm (20min): Jogar a palavra Jornal e Notícia e vê o conhecimento que
os alunos têm a respeito.
*
Roda de conversa (30 min) sobre o que os estudantes entendem sobre jornal e
notícia.
*
Vídeo documentário (10 min);
Nesse site tem o
panorama histórico do jornalismo no Brasil
* Ler o texto que apresenta a estrutura do jornal no link:
Depois dividir a
turma em grupo e discutir o texto.
Para
Casa:
·
Enviar o texto para auxiliar na construção da história em quadrinhos, a qual
será sobre a trajetória do jornalismo e como os alunos entendem o jornalismo
na atualidade.
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2ª
aula (2 aulas):
Filme:
O quarto poder (1h e 10 min)
Apresentação
das histórias em quadrinhos (20min)- cada grupo vai apresentar o seu
quadrinho.
*
Curta: A atuação do quarto poder
segundo Paulo Henrique Amorim ( Discutindo a imprensa sob o ponto de vista
histórico e político)- 7 min
*
Discutir a imprensa
Para
casa:
Escrever
um texto sobre o poder de persuasão do jornalismo no Brasil
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3ª
aula (2 aulas):
*
Visita técnica guiada ao Correio Braziliense
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4ª
aula (2 aulas):
*
Bate- papo com jornalista e um designer, especialistas em jornal digital, o
objetivo é que esses profissionais mostrem como é feito um jornal digital, expliquem
a diferença entre jornal físico e digital (50min).
*
Dinâmica: Tribunal: Temática- O que é melhor jornal físico ou digital?
Grupo de defesa X Grupo de acusação (Depois
da primeira rodada de exposição de argumentos dos dois grupos, muda-se a
abordagem do grupo: quem era de defesa passa a acusar e vice-versa) (50min).
*
Leva para casa um jornal digital elaborado e em funcionamento em uma escola.
Tarefa
de casa: Hora da história (Texto sobre jornal digital. Destacar algumas
palavras desse texto e os alunos terão que escrever um texto tendo como ponto
de partida as palavras destacadas).
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5ª
aula (2 aulas):
Laboratório
de informática: Visitar a Plataforma de hospedagem de jornal, conhecer
plataformas digitais e jornais digitais.
Dinâmica
sobre Proatividade (Desafio: Espécie de gincana com prazo determinado para
cumprir as atividades com perguntas sobre a temática abordada. Exemplo: Vocês
terão cinco minutos para lançar os quadrinhos que produziram em casa na
plataforma).
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Avaliação:
Processual – ao final de cada aula
passa a tarefa e avalia se houve entendimento, a prática é a chamada
Avaliação 180º.
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A proposta de elaborar Sequências Didáticas para
nortear o processo de ensino e aprendizagem é discutido e analisado por Zabala
(2010). Ele destaca essa prática como instrumento eficaz para encaminhar
processos que contemplem a aprendizagem significativa, isto é, a possibilidade
de estabelecer relações não-arbitrárias entre o que o estudante “já sabe e o que deve aprender” .
Na medida em que podem se estabelecer estas relações, quer dizer,
quando a distância entre o que se sabe e o que se tem que aprender é adequada,
quando o novo conteúdo tem uma estrutura que o permite, e quando o aluno tem
certa disposição para chegar ao fundo, para relacionar e tirar conclusões
(Ausubel, Novak e Hanesian, 1993), sua aprendizagem é uma aprendizagem
significativa que está de acordo com a adoção de um enfoque profundo. (Zabala,
2010, p.37)
Para Zabala
(2010, p. 18), a elaboração, o planejamento e a devida condução das sequências
didáticas são determinantes para que os docentes alcancem resultados
satisfatórios da sua práxis pedagógica e contribuam para o desenvolvimento de
competências e habilidades dos discentes no processo de ensino e aprendizagem:
“as sequências de atividades ou didáticas¹ são os principais paradigmas para analisar
a intervenção pedagógica, pois permitem o exame e a avaliação considerando todo
o processo, o qual inclui as fases de planejamento, aplicação e avaliação”.
Elaborar uma Sequência baseada na explanação do tema
Gênero jornalístico e o jornalismo do século
XXI, a depender das atividades propostas e da forma de condução das mesmas,
pode contribuir para a constituição crítica dos sujeitos.
A SD em análise foi pensada para os estudantes do
Ensino Médio Integrado de Eletromecânica do 3º ano.
A professora ao iniciar sua fala afirmou que um dos
principais objetivos da SD era desenvolver a habilidade de interpretação de
texto, já que os discentes apresentavam dificuldade de compreensão leitora.
Todavia, este objetivo não estava explícito no planejamento nem tampouco
contemplado nas atividades propostas.
Nesse sentido, seria pertinente elaborar propostas
que envolvessem os aprendentes com a leitura e interpretação de texto em cada
etapa. Uma das possibilidades seria propiciar a leitura de reportagens do mesmo
tema em diferentes jornais, estabelecer comparações e análises sobre o
princípio de imparcialidade no jornalismo, estas pautadas por questões cuidadosamente
elaboradas pelo professor para direcionar a análise crítica.
Atividades
que envolvessem o exame do Artigo de opinião e carta do leitor seriam de grande
valia para os estudantes do 3º ano, pois eles aprimorariam a percepção sobre a
construção argumentativa.
Outro aspecto
importante, diz respeito ao conhecimento de gêneros pertencentes à esfera
jornalística, nas modalidades impressa e digital: manchete, anúncio
classificado, anúncio publicitário, chamada, notícia, legenda, entrevista,
tabela, reportagem, gráfico, carta do leitor, editorial, crítica, artigo,
resenha, crônica, tira, propaganda, resenha crítica.
É importante que o
educador promova a socialização das características desses gêneros com os
estudantes de forma ampla e então proponha, num segundo momento, um recorte,
uma seleção dos gêneros que serão explanados com maior profundidade. Essa
abordagem também contribuirá para atingir o objetivo geral de compreender o
gênero jornalístico.
Uma sugestão para explorar
as peculiaridades desses textos, seria apresentá-los enfocando temas de interesse
para os discentes, dividi-los para a análise e distribui-los para pequenos grupos
de alunos. Cada grupo estaria munido de um roteiro para nortear a identificação
das características de cada gênero e posteriormente socializariam com a turma
os aspectos distintivos de cada tipo de texto contido no jornal escrito e
digital.
Assim teriam
uma visão ampla da diversidade textual do jornal e poderiam atuar na análise e
escrita dos gêneros selecionados pelo professor para a estruturação do jornal
digital.
A SD contempla em seus objetivos essa elaboração do
jornal digital, mas as descrições das atividades contrastam com essa
informação, já que o processo de construção do jornal digital não é abordado.
As proposições sobre conhecer a História do jornal,
a sua função social de informar e formar opiniões, de manipular, distorcer
fatos e situações estão contempladas com os documentários, filme sugerido,
visita guiada ao Correio Braziliense, bate papo com jornalista e designer,
tribunal e rodas de conversa que se sucederão a essas atividades. É necessário,
portanto, elaborar um roteiro para guiar os estudantes na execução de cada
atividade proposta, pois esse mecanismo será um propulsor, fomentador da
reflexão crítica e da construção e/ ou ampliação das perspectivas sobre as
informações explanadas.
As atividades supracitadas requerem também um maior
envolvimento com a área técnica do curso de Eletromecânica, pode-se explanar a
História e evolução da prensa mecânica desde Gutenberg até os dispositivos
atuais. Outra relação a ser elucidada é um quadro comparativo com as
características da imprensa tradicional e da digital. É necessário que esse
trabalho com a área técnica esteja contemplado nos objetivos.
Esse diálogo
com diferentes campos do conhecimento é essencial, visto que retoma o objetivo
macro do ensino: a formação integral do sujeito, Zabala (2010, p.40) enfatiza
que “a forma de propor as atividades de ensino será a que permita a máxima
inter-relação entre os diferentes conteúdos”.
A SD faz uso de diversas metodologias ativas com o
propósito de envolver os discentes, fomentar a participação e atingir os
objetivos desejados, no entanto, deve-se tomar cuidado com o excesso dessas
propostas, visto que demandam muito tempo para execução, portanto, podem extrapolar a
delimitação de aulas estabelecida pelo planejamento e acabar não contribuindo
para atingir os objetivos desejados.
Dessa maneira, refletir sobre a pertinência ou não
de certos instrumentos contribui para uma seleção mais criteriosa desses
mecanismos e ajuda significativamente na atuação do professor e estudantes no
processo educativo. Zabala (2010) afirma que o professor precisa pautar suas
intervenções pedagógicas no exame minucioso do que é mais adequado para a
realidade em que atua
pôr sobre a mesa os instrumentos que nos
permitam introduzir diferentes formas de intervenção aquelas atividades que
possibilitem uma melhora de nossa atuação nas aulas, como resultado de um
conhecimento mais profundo das variáveis que intervêm e do papel que cada uma
delas tem no processo de aprendizagem dos meninos e meninas(ZABALA, 2010, p.54)
Nessa perspectiva,
Zabala (2010, p.56) ainda evidencia o perigo do professor “cair no denominado
falso ativismo”, por isso a necessidade do docente ter uma percepção clara das
possibilidades e do sentido das atividades para cada fase do processo.
Assim, atividades
da SD também devem estar muito bem relacionadas, de forma a possibilitar a
visualização de todo o processo numa sequência de propostas pontuais e
significativas, segundo Zabala (2010, p.17) deve haver uma “visão processual da
prática, em que estão estreitamente ligados o planejamento, a aplicação e a
avaliação".
A avaliação é outro
mecanismo que precisa refletir não apenas um momento no processo, mas todo ele,
por isso deve ser gradual, pautada numa percepção clara sobre a situação do
educando antes da execução da SD e no acompanhamento do seu progresso ou não no
decorrer das atividades propostas, sempre contando com intervenções adequadas
para suprir as lacunas e carências apontadas.
A avaliação
formativa centra-se não apenas no resultado obtido, mas no processo que
culminou no alcance desses resultados, a esse respeito Zabala esclarece
Trata-se de reconhecer o trabalho bem feito, mas
sobretudo o esforço realizado, fazendo-os ver as dificuldades que tiveram que
solucionar e os meios de que dispuseram. Enfim, respeitar o fato diferencial é
uma medida-chave para promover a atitude favorável para continuar aprendendo e
para melhorar o conhecimento dos processos pessoais de aprendizagem. Com esta
finalidade será necessário apresentar atividades de avaliação nas quais seja
possível atribuir os êxitos e os fracassos da aprendizagem a motivos
modificáveis e controláveis, como fórmula para entender que é possível avançar
quando se realiza o trabalho e o esforço suficientes para consegui-lo (ZABALA, 2010,
p.104).
As
propostas que nortearão a realização da avaliação formativa devem ser
discriminadas a cada etapa do processo, é relevante inserir o estudante no processo
de avaliação para que ele estabeleça seus avanços e necessidades.
Cabe ressaltar a importância que
os conhecimentos factuais, procedimentais, conceituais e atitudinais estejam
discriminados na SD para orientar a execução das atividades e as metas a serem
alcançadas.
1-
São um conjunto de atividades ordenadas, estruturadas e articuladas para a
realização de certos objetivos educacionais, que têm um princípio e um fim
conhecidos tanto pelos professores como pelos alunos. ( Zabala, 2010, p.18)