A partir da leitura e análise de
dissertações de Mestrado profissional e acadêmico, produziu-se fichamentos
bibliográficos, no intuito de compartilhar as contribuições das leituras
realizadas.
1ª Ficha bibliográfica
A leitura literária em sala de aula e
sua contribuição para o exercício da cidadania
I- Campo do saber abordado:
Desenvolvimento da leitura literária enquanto fator de inclusão social e de exercício da cidadania.
Referência completa do trabalho:
F383l
Ferreira, Carlos Roberto Wensing.
A
leitura literária em sala de aula e sua contribuição para o exercício da
cidadania / Carlos Roberto Wensing Ferreira. -- Porto Velho, RO, 2017.
81 f.:
il.
Orientador
(a): Prof.ª Dra. Sonia Maria Gomes Sampaio
Dissertação
(Mestrado Acadêmico em Estudos Literários) - Fundação Universidade Federal de
Rondônia
1.
Leitura. 2. Literatura. 3. Inclusão. 4. Cidadania. I. Sampaio, Sonia Maria
Gomes. II. Título.
CDU
82:022.5
Motivação:
Dissertação
apresentada ao Programa de Mestrado Acadêmico em Estudos Literários-MEL, da
Fundação Universidade Federal de Rondônia UNIR, como requisito para obtenção do
título de Mestre em Estudos Literários.
Professores Examinadores:
Profa. Dra. Sônia Maria Gomes Sampaio (orientadora- MEL/UNIR).
Profa. Dra. Maria de Fátima Castro de Oliveira Molina (membro interno-
MEL/UNIR).
Profa. Dra. Nair Ferreira Gurgel do Amaral (membro externo- MEL/UNIR).
II- O problema e as questões de
pesquisa:
Avaliar se leitura literária
contribui para a formação social do aluno e para o exercício da cidadania.
III- Objetivos:
Geral:
Saber de que forma a escola desenvolve as
práticas de Leitura Literária e como ela acontece no ambiente escolar.
Específicos:
I- Identificar as formas de
contribuições da prática da Leitura Literária que elucidam sua importância na
formação do aluno para a cidadania;
II- Levantar as obras existentes
no âmbito escolar, bem como a que público se destina;
III- Verificar o nível de
participação da prática da Leitura Literária para a formação do aluno.
IV- Metodologia:
A metodologia empregada na
pesquisa foi a de campo, a qual contou com a participação de 193 alunos do
sexto ao oitavo anos do ensino fundamental e 02 professores de Língua
Portuguesa. Participaram da pesquisa noventa alunos do sexto ano, setenta do
sétimo e trinta e três estudantes do oitavo ano, somando os períodos matutino e
vespertino e dois docentes de língua portuguesa.
A pesquisa envolveu o levantamento
quantitativo de dados e análise dos resultados.
Foi organizado um roteiro/
questionário para aplicação da pesquisa de campo, por meio de entrevistas com
alunos e professores da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Rio
Branco, Rondônia.
A entrevista, direcionada aos
estudantes, continha questões relativas ao que eles realmente sabiam sobre a
leitura e literatura. As perguntas versavam sobre os seguintes aspectos:
O prazer ou não por ler e ouvir histórias;
projetos literários desenvolvidos pela escola; a importância da leitura de
obras literárias para a formação do indivíduo; gêneros literários mais
apreciados; o que significa ser um bom leitor e ser uma pessoa letrada; quais
os títulos de livro que despertou o interesse de cada segmento; em que medida o
livro contribuía para reflexão e compreensão do mundo; a leitura indicada pelos
professores despertava interesse; averiguar se os alunos colecionavam textos,
poemas, pensamentos; se os estudantes podiam citar títulos de livros existentes
na biblioteca.
Para os docentes as questões
abordavam:
Funções da literatura na escola;
importância da mesma para a formação do aluno e do docente; como trabalhar
literatura em sala de aula; recursos utilizados e dificuldades encontradas no
trabalho com a literatura; em quais perspectivas e metodologias a literatura é
explanada.
Depois de colhido os dados, foi
feita a tabulação dos resultados obtidos com os 193 alunos: gráficos e quadros
acompanhados da análise interpretativa e
discussão dos mesmos.
Como apenas dois professores se
dispuseram a responder a entrevista, os dados não foram tabulados, mas
transcritos e devidamente analisados.
V- Conclusões:
A análise dos dados evidenciou
que os alunos leem, no entanto, frequentam esporadicamente a biblioteca,
alguns, inclusive, afirmaram que nunca a frequentaram. Não há o hábito de
leitura em casa, os estudantes preferem ler em sala de aula. Com relação às
obras, há a adoção dos denominados best-sellers, os mais vendidos, os
extremamente populares, enquanto que a leitura das obras clássicas brasileiras
é inexistente. Um dos fatores que corroboram para essa realidade é o fato dos
professores disporem de pouco tempo para criarem situações favoráveis para o
desenvolvimento do gosto pela leitura literária, em decorrência da jornada de
trabalho extenuante, há pouco tempo para o planejamento e execução dessas
ações.
Cabe destacar que a constatação da importância da leitura literária deu-se apenas a partir da contribuição bibliográfica explanada pelo pesquisador, pois a pesquisa quantitativa constatou que os alunos não realizam a leitura literária, mas preferem os chamados best-sellers.
A leitura literária permite estabelecer relações dialógicas entre autor- obra- leitor e outras vozes e textos possibilitando ao leitor estabelecer relações sobre o ser e estar no mundo, já que como afirma o filósofo Aristóteles a obra literária é criada a partir da mimeses, ou seja, da imitação do real, não representa, por isso, uma mera cópia, mas expressa a verossimillhança: a aparência do real, assim, fomenta a reflexão crítica.
Cabe destacar que a constatação da importância da leitura literária deu-se apenas a partir da contribuição bibliográfica explanada pelo pesquisador, pois a pesquisa quantitativa constatou que os alunos não realizam a leitura literária, mas preferem os chamados best-sellers.
A leitura literária permite estabelecer relações dialógicas entre autor- obra- leitor e outras vozes e textos possibilitando ao leitor estabelecer relações sobre o ser e estar no mundo, já que como afirma o filósofo Aristóteles a obra literária é criada a partir da mimeses, ou seja, da imitação do real, não representa, por isso, uma mera cópia, mas expressa a verossimillhança: a aparência do real, assim, fomenta a reflexão crítica.
VI- As contribuições especiais em
relação ao assunto do trabalho:
As seções 1 e 2 discutem os programas institucionais e a importância da
leitura
A importância das políticas que foram adotadas pelos de programas
federais para levar aos estudantes o acesso à leitura na escola
A implantação e utilização do
livro didático foi uma das primeiras iniciativas do Governo no sentido de
viabilizar o acesso à leitura.
A partir de 1929, o livro
didático passa a ser distribuído, desde então, outras políticas de incentivo à
leitura passam a ser praticadas no sentido de fornecer obras didáticas,
pedagógicas e literárias para as escolas de educação básica pública.
Segundo
Antonio Carlos Gil, na obra Como elaborar projetos de pesquisa (2002), há os
seguintes tipos de leitura: exploratória, seletiva, analítica e interpretativa,
cada uma com seus objetivos e particularidades.
Dentre as classificações
apontadas por Antônio Carlos Gil acima, há de se destacar outra não abordada
por ele, mas defendida por outros estudiosos: a leitura literária.
Nesse sentido, foi importante a apropriação de
referenciais teóricos que elucidam os conceitos da leitura literária, sua
pertinência e aplicação, tais como: Antonio Candido, Anne Marie Chartier, Magda
Soares, Marisa Lajolo, Regina Zilbermam, Ivete Walty e Aracy Alves Martins
Evangelista, Aparecida Paiva, dentre outros.
A leitura literária é aquela que permite
a compreensão dos significados do texto, considerando as relações estabelecidas
com outros textos, possibilitando a leitura reflexiva.
Ler é uma operação inteligente,
difícil, exigente, mas gratificante. Ninguém lê ou estuda autenticamente se não
assume, diante do texto ou do objeto da curiosidade a forma crítica de ser ou
de estar sendo sujeito da curiosidade, sujeito da leitura, sujeito do processo
de conhecer em que se acha. Ler é procurar ou buscar criar a compreensão do
lido; daí, entre outros pontos fundamentais, a importância do ensino correto da
leitura e da escrita (FREIRE, 1997, p. 20)
À vista disso, a apropriação da
leitura literária é um fator de inclusão, primordial para o exercício da
cidadania e formação do indivíduo político, crítico. Ela permite a construção e
elaboração de novos significados e valores, ampliação de novos horizontes e
perspectivas.
[...] o letramento literário no
sentido que a literatura nos letra e nos liberta, apresentando-nos diferentes
modos de vida social, socializando-nos e politizando-nos de várias maneiras,
porque nos textos literários pulsam forças que mostram a grandeza e a
fragilidade do ser humano... (GOULART, 2007, p.64,65)
O desenvolvimento de práticas de
leitura literária e de projetos de estímulo à leitura na sala de aula e na
escola é essencial para oportunizar o acesso ao letramento literário e à
cidadania.
[...] devemos compreender que o
letramento literário é uma prática social e, como tal, responsabilidade da
escola. A questão a ser enfrentada não é se a escola deve ou não escolarizar a
literatura [...], mas sim como fazer essa escolarização sem descaracterizá-la,
sem transformá-la em um simulacro de si mesma que mais nega do que confirma seu
poder de humanização. (Cosson ,2006, p. 23)
A leitura literária permite o
acesso a diferentes tipos de textos: literatura canônica, marginal,
best-sellers, indígena, africana, feminina dando ao estudante a oportunidade de
conhecer o processo sócio-cultural-histórico de épocas e sociedades distintas,
observando a necessidade de relacionar o que lê com o mundo a sua volta.
Dessa forma, a proficiência na
leitura literária concretiza-se por meio da prática, por isso ações que
incentivem a leitura literária devem estar contempladas no Projeto Político
Pedagógico da escola; o professor, também, deve gozar de tempo e estímulo para
planejar sua atuação; merece destaque, ainda, a biblioteca, a qual deve contar
com investimentos federais, estaduais e estar em processo de constante
revitalização, para que o discente tenha como acessar de forma rápida e prática
títulos que o interessem.
A biblioteca escolar: Possui a
função educativa e cultural. A primeira auxilia a ação do aluno e a do
professor e, a segunda complementa a educação formal, ao oferecer
possibilidades de leitura, colaborando para que os alunos ampliem os
conhecimentos e as ideias acerca do mundo, além de incentivar o gosto pela
leitura na comunidade escolar (RIBEIRO, 1994, p.61)
A terceira seção deteve-se na análise e discussão dos resultados.
Os alunos não têm hábito de
leitura literária, poucos leem em casa e frequentam a biblioteca, o maior
contato com o texto literário é em sala de aula. Os livros preferidos são os
conhecidos best-sellers, os mais vendidos, a literatura clássica brasileira não
ocupa nenhum lugar de destaque para esses leitores. Agrega-se a essa situação o
fator negativo dos professores não disporem de tempo suficiente para o
planejamento e execução de ações que despertem o interesse pela leitura
literária.
REFERÊNCIAS
COSSON, Rildo. Letramento
literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2006.
FREIRE, Paulo. Professora sim,
tia não: cartas a quem ousa ensinar. São Paulo: Olho d´Água, 1997.
GOULART, Cecília. Alfabetização e
Letramento: Os processos e o lugar da Literatura. In. PAIVA, Aparecida;
MARTINS, Aracy; PAULINO, Graça; CORRÊA, Hércules; VERSIANI, Zélia (Orgs.).
Literatura Saberes em movimento. Belo Horizonte: Ceale, autêntica,2007.
RIBEIRO, Maria Solange Pereira.
Desenvolvimento de coleção na biblioteca escolar: uma contribuição à formação
crítica sócio-cultural do educando. Transformação, São Paulo, v.6, n.1/2/3,
p.60-73, Jan./ Dez.1994.
No item II- O problema e as questões de pesquisa, vc coloca "Avaliar se leitura literária contribui para a formação social do aluno e para o exercício da cidadania." Porém, isso não é abordado no seu fichamento. Talvez o próprio autor não tenha mencionado. De qualquer forma, como vc sugere que tal dado pudesse ser avaliado?
ResponderExcluirOi, professor Marcelo!
ResponderExcluirFiz alguns apontamentos sobre a questão na Conclusão.
Obrigada pelas contribuições.