terça-feira, 16 de outubro de 2018



A partir da leitura e análise de dissertações de Mestrado profissional e acadêmico, produziu-se fichamentos bibliográficos, no intuito de compartilhar as contribuições das leituras realizadas.

1ª Ficha bibliográfica

A leitura literária em sala de aula e sua contribuição para o exercício da cidadania

I- Campo do saber abordado:

 Desenvolvimento da leitura literária enquanto fator de inclusão social e de exercício da cidadania.

Referência completa do trabalho:

F383l Ferreira, Carlos Roberto Wensing.
A leitura literária em sala de aula e sua contribuição para o exercício da cidadania / Carlos Roberto Wensing Ferreira. -- Porto Velho, RO, 2017.
81 f.: il.
Orientador (a): Prof.ª Dra. Sonia Maria Gomes Sampaio
Dissertação (Mestrado Acadêmico em Estudos Literários) - Fundação Universidade Federal de Rondônia
1. Leitura. 2. Literatura. 3. Inclusão. 4. Cidadania. I. Sampaio, Sonia Maria Gomes. II. Título.
CDU 82:022.5

Motivação:

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado Acadêmico em Estudos Literários-MEL, da Fundação Universidade Federal de Rondônia UNIR, como requisito para obtenção do título de Mestre em Estudos Literários.

Professores Examinadores:

Profa. Dra. Sônia Maria Gomes Sampaio (orientadora- MEL/UNIR).

Profa. Dra. Maria de Fátima Castro de Oliveira Molina (membro interno- MEL/UNIR).

Profa. Dra. Nair Ferreira Gurgel do Amaral (membro externo- MEL/UNIR).


 Dissertação disponível no endereço: http://www.ri.unir.br/jspui/handle/123456789/1831


II- O problema e as questões de pesquisa:
Avaliar se leitura literária contribui para a formação social do aluno e para o exercício da cidadania.

III- Objetivos:
Geral:

 Saber de que forma a escola desenvolve as práticas de Leitura Literária e como ela acontece no ambiente escolar.

Específicos:

I- Identificar as formas de contribuições da prática da Leitura Literária que elucidam sua importância na formação do aluno para a cidadania;
II- Levantar as obras existentes no âmbito escolar, bem como a que público se destina;
III- Verificar o nível de participação da prática da Leitura Literária para a formação do aluno.

IV- Metodologia:

A metodologia empregada na pesquisa foi a de campo, a qual contou com a participação de 193 alunos do sexto ao oitavo anos do ensino fundamental e 02 professores de Língua Portuguesa. Participaram da pesquisa noventa alunos do sexto ano, setenta do sétimo e trinta e três estudantes do oitavo ano, somando os períodos matutino e vespertino e dois docentes de língua portuguesa.

 A pesquisa envolveu o levantamento quantitativo de dados e análise dos resultados.

Foi organizado um roteiro/ questionário para aplicação da pesquisa de campo, por meio de entrevistas com alunos e professores da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Rio Branco, Rondônia.

A entrevista, direcionada aos estudantes, continha questões relativas ao que eles realmente sabiam sobre a leitura e literatura. As perguntas versavam sobre os seguintes aspectos:

 O prazer ou não por ler e ouvir histórias; projetos literários desenvolvidos pela escola; a importância da leitura de obras literárias para a formação do indivíduo; gêneros literários mais apreciados; o que significa ser um bom leitor e ser uma pessoa letrada; quais os títulos de livro que despertou o interesse de cada segmento; em que medida o livro contribuía para reflexão e compreensão do mundo; a leitura indicada pelos professores despertava interesse; averiguar se os alunos colecionavam textos, poemas, pensamentos; se os estudantes podiam citar títulos de livros existentes na biblioteca.

Para os docentes as questões abordavam:

Funções da literatura na escola; importância da mesma para a formação do aluno e do docente; como trabalhar literatura em sala de aula; recursos utilizados e dificuldades encontradas no trabalho com a literatura; em quais perspectivas e metodologias a literatura é explanada.

Depois de colhido os dados, foi feita a tabulação dos resultados obtidos com os 193 alunos: gráficos e quadros acompanhados da análise interpretativa  e discussão dos mesmos.

Como apenas dois professores se dispuseram a responder a entrevista, os dados não foram tabulados, mas transcritos e devidamente analisados.

V- Conclusões:

A análise dos dados evidenciou que os alunos leem, no entanto, frequentam esporadicamente a biblioteca, alguns, inclusive, afirmaram que nunca a frequentaram. Não há o hábito de leitura em casa, os estudantes preferem ler em sala de aula. Com relação às obras, há a adoção dos denominados best-sellers, os mais vendidos, os extremamente populares, enquanto que a leitura das obras clássicas brasileiras é inexistente. Um dos fatores que corroboram para essa realidade é o fato dos professores disporem de pouco tempo para criarem situações favoráveis para o desenvolvimento do gosto pela leitura literária, em decorrência da jornada de trabalho extenuante, há pouco tempo para o planejamento e execução dessas ações.


Cabe destacar que a constatação da importância da leitura literária deu-se apenas a partir da contribuição bibliográfica explanada pelo pesquisador, pois a pesquisa quantitativa constatou que os alunos não realizam a leitura literária, mas preferem os chamados best-sellers.

A leitura literária permite estabelecer relações dialógicas entre autor- obra- leitor e outras vozes e textos possibilitando ao leitor estabelecer relações sobre o ser e estar no mundo, já que como afirma o filósofo Aristóteles a obra literária é criada a partir da mimeses, ou seja, da imitação do real, não representa, por isso,  uma mera cópia, mas expressa a verossimillhança: a aparência do real, assim, fomenta a reflexão crítica.

VI- As contribuições especiais em relação ao assunto do trabalho:

As seções 1 e 2 discutem os programas institucionais e a importância da leitura

A importância das políticas que foram adotadas pelos de programas federais para levar aos estudantes o acesso à leitura na escola

A implantação e utilização do livro didático foi uma das primeiras iniciativas do Governo no sentido de viabilizar o acesso à leitura.

A partir de 1929, o livro didático passa a ser distribuído, desde então, outras políticas de incentivo à leitura passam a ser praticadas no sentido de fornecer obras didáticas, pedagógicas e literárias para as escolas de educação básica pública.

 Segundo Antonio Carlos Gil, na obra Como elaborar projetos de pesquisa (2002), há os seguintes tipos de leitura: exploratória, seletiva, analítica e interpretativa, cada uma com seus objetivos e particularidades.

Dentre as classificações apontadas por Antônio Carlos Gil acima, há de se destacar outra não abordada por ele, mas defendida por outros estudiosos: a leitura literária.

 Nesse sentido, foi importante a apropriação de referenciais teóricos que elucidam os conceitos da leitura literária, sua pertinência e aplicação, tais como: Antonio Candido, Anne Marie Chartier, Magda Soares, Marisa Lajolo, Regina Zilbermam, Ivete Walty e Aracy Alves Martins Evangelista, Aparecida Paiva, dentre outros.

A leitura literária é aquela que permite a compreensão dos significados do texto, considerando as relações estabelecidas com outros textos, possibilitando a leitura reflexiva.

Ler é uma operação inteligente, difícil, exigente, mas gratificante. Ninguém lê ou estuda autenticamente se não assume, diante do texto ou do objeto da curiosidade a forma crítica de ser ou de estar sendo sujeito da curiosidade, sujeito da leitura, sujeito do processo de conhecer em que se acha. Ler é procurar ou buscar criar a compreensão do lido; daí, entre outros pontos fundamentais, a importância do ensino correto da leitura e da escrita (FREIRE, 1997, p. 20)

À vista disso, a apropriação da leitura literária é um fator de inclusão, primordial para o exercício da cidadania e formação do indivíduo político, crítico. Ela permite a construção e elaboração de novos significados e valores, ampliação de novos horizontes e perspectivas.

[...] o letramento literário no sentido que a literatura nos letra e nos liberta, apresentando-nos diferentes modos de vida social, socializando-nos e politizando-nos de várias maneiras, porque nos textos literários pulsam forças que mostram a grandeza e a fragilidade do ser humano... (GOULART, 2007, p.64,65)

O desenvolvimento de práticas de leitura literária e de projetos de estímulo à leitura na sala de aula e na escola é essencial para oportunizar o acesso ao letramento literário e à cidadania.

[...] devemos compreender que o letramento literário é uma prática social e, como tal, responsabilidade da escola. A questão a ser enfrentada não é se a escola deve ou não escolarizar a literatura [...], mas sim como fazer essa escolarização sem descaracterizá-la, sem transformá-la em um simulacro de si mesma que mais nega do que confirma seu poder de humanização. (Cosson ,2006, p. 23)

A leitura literária permite o acesso a diferentes tipos de textos: literatura canônica, marginal, best-sellers, indígena, africana, feminina dando ao estudante a oportunidade de conhecer o processo sócio-cultural-histórico de épocas e sociedades distintas, observando a necessidade de relacionar o que lê com o mundo a sua volta.

Dessa forma, a proficiência na leitura literária concretiza-se por meio da prática, por isso ações que incentivem a leitura literária devem estar contempladas no Projeto Político Pedagógico da escola; o professor, também, deve gozar de tempo e estímulo para planejar sua atuação; merece destaque, ainda, a biblioteca, a qual deve contar com investimentos federais, estaduais e estar em processo de constante revitalização, para que o discente tenha como acessar de forma rápida e prática títulos que o interessem.

A biblioteca escolar: Possui a função educativa e cultural. A primeira auxilia a ação do aluno e a do professor e, a segunda complementa a educação formal, ao oferecer possibilidades de leitura, colaborando para que os alunos ampliem os conhecimentos e as ideias acerca do mundo, além de incentivar o gosto pela leitura na comunidade escolar (RIBEIRO, 1994, p.61)
A terceira seção deteve-se na análise e discussão dos resultados.

Os alunos não têm hábito de leitura literária, poucos leem em casa e frequentam a biblioteca, o maior contato com o texto literário é em sala de aula. Os livros preferidos são os conhecidos best-sellers, os mais vendidos, a literatura clássica brasileira não ocupa nenhum lugar de destaque para esses leitores. Agrega-se a essa situação o fator negativo dos professores não disporem de tempo suficiente para o planejamento e execução de ações que despertem o interesse pela leitura literária.

REFERÊNCIAS

COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2006.

FREIRE, Paulo. Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar. São Paulo: Olho d´Água, 1997.

GOULART, Cecília. Alfabetização e Letramento: Os processos e o lugar da Literatura. In. PAIVA, Aparecida; MARTINS, Aracy; PAULINO, Graça; CORRÊA, Hércules; VERSIANI, Zélia (Orgs.). Literatura Saberes em movimento. Belo Horizonte: Ceale, autêntica,2007.

RIBEIRO, Maria Solange Pereira. Desenvolvimento de coleção na biblioteca escolar: uma contribuição à formação crítica sócio-cultural do educando. Transformação, São Paulo, v.6, n.1/2/3, p.60-73, Jan./ Dez.1994.


2 comentários:

  1. No item II- O problema e as questões de pesquisa, vc coloca "Avaliar se leitura literária contribui para a formação social do aluno e para o exercício da cidadania." Porém, isso não é abordado no seu fichamento. Talvez o próprio autor não tenha mencionado. De qualquer forma, como vc sugere que tal dado pudesse ser avaliado?

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  2. Oi, professor Marcelo!
    Fiz alguns apontamentos sobre a questão na Conclusão.
    Obrigada pelas contribuições.

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