2ª Ficha bibliográfica
Estratégias de leitura: uma contribuição para a formação do leitor
crítico e autônomo
I- Campo do saber abordado:
I- Campo do saber abordado:
Estratégias de leitura para a formação do leitor crítico e autônomo
1.Leitura. 2. Práticas de leitura. 3. Leitura e formação.
Referência completa do trabalho:
Reis, Andréia doVale
Estratégias de leitura: uma contribuição para a formação do leitor
crítico e autônomo / Andréia do Vale Reis. – Santo Antônio de Jesus, 2015.
174f.
Orientador: Profª. Drª. Monalisa dos Reis Aguiar Pereira
Dissertação (Mestrado Profissional em Letras - PROFLETRAS) –
Universidade do Estado da Bahia. Departamento de Ciências Humanas. Campus V.
2015.
Contém referências e anexos.
1.Leitura. 2. Práticas de leitura. 3. Leitura e formação. I. Pereira,
Monalisa dos Reis Aguiar. II. Universidade do Estado da Bahia. Departamento de
Ciências Humanas.
CDD: 370.156
Motivação:
Dissertação apresentada à Universidade do Estado da Bahia-UNEB, como
parte das exigências dо curso do Programa dе Pós-Graduação em Mestrado
Profissional em Letras- PROFLETRAS para obtenção do título de mestre.
Orientadora: Profa. Dra. Monalisa dos Reis Aguiar Pereira
SANTO ANTÔNIO DE JESUS - BA
2015
Professores Examinadores:
Profa. Dra. Monalisa dos Reis Aguiar Pereira
Presidente
Universidade do Estado da Bahia – CAMPUS V
Profa. Dra. Rosemere Ferreira da Silva
Universidade do Estado da Bahia – CAMPUS V
Profa. Dra. Daniele de Oliveira
Universidade Federal da Bahia
Departamento de Letras Vernáculas
A dissertação pode ser encontrada no endereço:
II- O problema e as questões de pesquisa:
Pode-se construir uma intervenção
pedagógica que possa favorecer a formação do leitor crítico e autônomo nas
séries finais do ensino fundamental?
III- Objetivos:
Gerais:
Contribuir na formação do leitor
crítico e autônomo por meio da aplicação de estratégias de leitura em textos
argumentativos do gênero artigo de opinião.
Específicos:
Ampliar a aplicação de
estratégias de leitura para a construção do sentido do texto;
Desenvolver as habilidades
leitoras;
Alterar a compreensão do ato de ler como
simples decodificação em prática social.
IV- Metodologia:
Desenvolveu-se
a pesquisa-ação em um contexto de escola pública, onde a pesquisadora exerceu o
papel de professora. O objetivo da escolha dessa metodologia era construir e
investigar a eficiência de uma intervenção pedagógica, pois como afirma Bagno
(2007, p.18) ela é uma ―investigação feita com o objetivo expresso de obter
conhecimento específico e estruturado sobre um assunto preciso.
A pesquisa-ação, segundo Bagno,
apresenta uma metodologia comum às outras pesquisas, visto que também trabalha
processos de diagnóstico, de participação, produção e experimentação.
Nesse procedimento, o problema
pede uma intervenção que propicie a mudança.
Essa estratégia consegue aliar a
teoria à prática, analisar o já estabelecido e favorecer a construção de novos
caminhos, conhecimentos.
O tipo de abordagem utilizada foi
a qualitativa, pois o objetivo não era enumerar nem mesmo medir fenômenos, mas
compreender os fenômenos a partir da ótica dos sujeitos envolvidos e propor
soluções possíveis para o problema. A escolha por esse tipo de abordagem
apoiou-se também no fato da pesquisa em educação considerar a historicidade, as
crenças e os valores dos sujeitos envolvidos.
Segundo Creswell(2010), o uso do
método qualitativo possibilita a utilização de múltiplas formas de coletas de
dados.
Optou-se pela observação
participativa, na qual o pesquisador observa e interage com os sujeitos do
estudo, por meio do diálogo, entrevistas, conversa, visto que se trata de uma
investigação descritiva. Nesse sentido, priorizaram-se as atitudes de observar,
conhecer, compreender e explicar, considerando o processo dialógico.
Como pesquisa preliminar, foram
realizados estudos e leituras, a partir dos dados, estabeleceu-se a seguinte
hipótese: aplicação de estratégias de
leitura em textos argumentativos do gênero artigo de opinião poderia contribuir
para a formação do leitor.
Pesquisa preliminar:
Entrevista com os docentes da
escola sobre funções da literatura, importância da mesma para a formação do
aluno e do docente, como trabalhar literatura em sala de aula, recursos
utilizados nas aulas de literatura, dificuldades encontradas no trabalho com a
literatura, em quais perspectivas e metodologia trabalhavam com a literatura.
Problema: Desempenho insatisfatório dos alunos em leitura, nas
séries finais do ensino fundamental, pois este é um entrave para a construção
da autonomia e criticidade dos alunos enquanto sujeitos sociais.
Este desempenho abaixo do
esperado fora constatado a partir da análise dos dados das avaliações,
atividades.
Os sujeitos da investigação:
Eles compunham duas turmas do 9º ano, um total
de 58 alunos, no entanto, os responsáveis autorizaram a divulgação de dados de
apenas 30 estudantes. Deste total, 60% correspondem ao gênero feminino e 40% ao
masculino.
A turma tinha 70% dos estudantes
fora da faixa de idade para a série, entre 15 e 18 anos, os motivos variavam:
repetência, entrada tardia na escola, abandono e retorno.
Instrumentos de pesquisa:
Para compreensão da situação dos
alunos, no que se refere à leitura, foram escolhidos os seguintes instrumentos
de pesquisa: memorial de leitura, uma atividade com questões da Prova Brasil,
entrevista e exercícios de compreensão leitora do livro didático.
1º Memorial:
O memorial de leitura como
instrumento investigativo possibilita perceber as relações sociais dos
contextos históricos, culturais, ideológicos e emocionais dos sujeitos da
pesquisa.
Os alunos deveriam fazer uma
exposição do primeiro contato com os livros, do processo de aprendizagem da
leitura de textos escritos, situações e recordações de prática de leitura em
casa, das formas de ler e os suportes preferidos, autoavaliação sobre a própria
leitura, as dificuldades, as sensações e sentimentos vivenciados durante a
leitura.
O resultado demonstrou imposição
da leitura como processo mecânico e baseado na mera decodificação. O ensino da
leitura não envolvia a construção de sentido.
2º Atividade envolvendo descritores da Prova Brasil:
Aplicação de questões da Prova Brasil como instrumento de diagnóstico.
O resultado demonstrou que a capacidade leitora dos discentes estava no
nível básico e abaixo do básico.
A análise dos dados foi feita quantificando o número de alunos que
marcaram a alternativa correta.
3º Entrevista
Entrevista com os sujeitos da
investigação, os estudantes, sobre o nível de entendimento de variados textos;
a respeito da compreensão das questões de interpretação propostas por professores,
avaliações, livros; estratégias utilizadas para compreensão dos textos.
A entrevista mostrou que os
alunos, no geral, não leem os textos integralmente, apenas procuram palavras
que indicam as respostas. Quando confrontados sobre a Prova Brasil, afirmaram
que era uma avaliação que precisava ler e pensar, por isso as notas baixas. Observou-se
que poucos estudantes percebem a necessidade da leitura completa de um texto
para compreendê-lo corretamente, a habilidade leitora que mais dominam era
localizar informações explícitas no texto.
4º Exercício de compreensão leitora
Este instrumento foi submetido a
um processo de análise de conteúdo.
Investigar o comportamento dos
alunos em uma atividade de compreensão proposta pelo livro didático.
Essa atividade contribuiu para
traçar o perfil das turmas quanto à compreensão leitora e colaborou para
direcionar a quais as estratégias de leitura que os alunos recorrem para a
compreensão do texto.
Constatou-se uma leitura
superficial, apenas conseguiam perceber informações explícitas nos textos.
Houve dificuldade de identificar a tese, de estabelecer relação entre tese e
argumentos, de inferir informações.
Proposta de intervenção
Após a etapa da
pesquisa-intervenção, elabora-se uma proposta de intervenção:
Sequência didática- norteadora
metodológica, então, decide-se aplicar as estratégias de leitura em textos
argumentativos do gênero artigo de
opinião, pelo fato desse tipo de texto permitir o dialogismo , a polifonia, a
discussão das questões sociais controversas, tendo por finalidade convencer ou
persuadir o leitor.
Outro motivo para a escolha do
artigo de opinião vem do entendimento da leitura como prática social e do
estudo da língua sob a ótica do interacionismo. Sendo assim, o artigo de
opinião promove maior interação, uma vez que convida o leitor para participar da
opinião do autor sobre um tema polêmico.
A partir das vivências dos alunos
delimitou-se o assunto: “Para o preconceito três ações são essenciais:
repudiar, combater, denunciar”, o qual teve como foco quatro grupos sociais
discriminados: índios, negros, mulheres e homossexuais.
Produto:
Sequência didática
Sequência didática o ― conjunto de atividades ordenadas, estruturadas e
articuladas para a realização de certos objetivos educacionais, que têm um
princípio e um fim conhecidos tanto pelos professores como pelos alunos
(ZABALA, 2007:p.18).
A metodologia desta sequência
didática foi estruturada em um conjunto de atividades que envolveram recursos e
as estratégias de leitura proposta por Isabel Solé (2009).
Objetivo:
Desenvolver as habilidades leitoras;
Encorajar a destituição da subordinação
passiva e do comodismo errante diante das propostas de leitura do livro didático.
Aplicação da sequência didática:
As estratégias de leitura foram
definidas e distribuídas em três módulos didáticos, foi atribuído a cada um
deles um conjunto de atividades que visam promover a prática da leitura, o
letramento digital, o lúdico e o estudo de elementos linguísticos, contribuindo
para o conhecimento e a formação dos alunos enquanto sujeitos leitores.
Conteúdo: Estratégias de leitura
Gênero do discurso: Artigo de Opinião
Assunto: Discriminação
Tema: Para o preconceito três ações são essenciais: repudiar,
combater e denunciar
Suportes: Revistas, sites, blogs, redes sociais ( whatsapp,
Facebook)
Produto Final: Produção de um blog
Objetivos da Sequência Didática:
Objetivo
geral:
- Contribuir na formação do
leitor crítico e autônomo por meio da aplicação de estratégias de leitura em
textos argumentativos do gênero artigo de opinião.
Objetivos específicos:
- Ampliar a aplicação de
estratégias de leitura para a construção do sentido do texto;
- Desenvolver as habilidades
leitoras;
- Alterar a compreensão ato de
ler como simples decodificação em prática social.
Habilidades a serem desenvolvidas
a) Estabelecer relação entre a
tese e os argumentos oferecidos para sustentá-la;
b) Identificar a tese de um
texto;
c) Distinguir um fato da opinião
relativa a esse fato;
d) Inferir uma informação
implícita em um texto;
e) Reconhecer posições distintas
entre duas ou mais opiniões relativas ao mesmo fato ou ao mesmo tema.
Primeiro módulo: ensino e desenvolvimento das estratégias para a
ativação dos conhecimentos prévios, o estabelecimento de objetivos para a
leitura, a realização de inferências, a identificação do tema, o reconhecimento
da ideia central e a elaboração da síntese, ou seja, resumo.
Após a realização das estratégias
de antecipação das informações e ativação de conhecimentos prévios sobre o
texto, os alunos realizam a leitura silenciosa do texto. Em seguida, a leitura
compartilhada em voz alta.
Por meio dessa leitura, os alunos
percebem as entonações que explicitam os efeitos da pontuação, também
perceberão as previsões e a procura de indícios para constar a veracidade das
previsões, as inferências;
O objetivo para essa etapa é ampliar
a aplicação de estratégias de leitura para a construção do sentido do texto.
Para o desenvolvimento dessas
ações foram utilizadas 18 (dezoito) aulas.
Segundo módulo: desenvolvimento de habilidades leitoras, por meio do
gênero artigo de opinião. Nessa etapa, as atividades envolvem a identificação
da tese, o estabelecimento de relação entre a tese e os argumentos oferecidos
para sustentá-la, a distinção dentre fato e opinião, inferência e
reconhecimento de posições distintas entre duas ou mais opiniões relativas ao
mesmo fato ou ao mesmo tema presentes no texto.
Nessa etapa, as atividades
ocorreram no período de 14 (quatorze) aulas.
Terceiro
módulo: Estudos sobre coerência e coesão. Leitura, seleção, socialização de
textos e construção de sentido. Os alunos selecionaram artigos de opinião que
abordavam o tema, publicizaram e apresentaram opiniões, comentários sobre os
textos.
Após os três módulos, houve um
momento para o letramento digital. Para essas ações os alunos fizeram uso de
Internet, whatsapp, Facebook e blog.
Nessa etapa, foram utilizadas 8
(oito) aulas.
A proposta utilizou um tempo
muito vasto e mesmo assim, não suficiente, segundo a pesquisadora.
O objetivo que norteou tais ações
foi possilitar aos alunos situações e meios para alterar a compreensão do ato
de ler como simples decodificação em prática social.
V- Conclusões:
Um dos resultados obtidos apontou
para ganhos no que se refere à competência leitora dos sujeitos envolvidos,
indicando desenvolvimento de habilidades de leitura. Outro aspecto sinalizado
foi a contribuição do uso de artigo de opinião para a formação do leitor
enquanto sujeito reflexivo. De modo geral, a aplicação da sequência didática,
envolvendo as estratégias de leitura, provocou no aluno, sujeito-leitor, uma
mobilização para a leitura autônoma e crítica acerca de si, do texto, do outro,
da diversidade e do mundo.
VI- As contribuições especiais em relação ao assunto do trabalho:
Nos capítulos 1 e 2 trata-se sobre as concepções de leitura, contexto
do leitor, escola e a pesquisa qualitativa. Eis algumas considerações:
A escola deve entender a leitura
como prática social, pois ela interage com o leitor, possibilita a ampliação da
compreensão que o leitor tem de si e da sociedade e lhe permite a inserção
crítica e participativa no corpus social.
Os resultados das avaliações
internas e externas do Brasil, nas últimas décadas, apontam para uma formação
deficitária do leitor.
A leitura não representa valor
positivo absoluto, pois há culturas que se baseiam apenas na oralidade, então
não se pode ter uma posição etnocêntrica; há de se avaliar também quem produz
os textos e atendendo a qual finalidade eles circulam socialmente. Já que é
sabido que a cada época, as relações de poder e fatos sociais determinaram os
objetos lidos, o público- alvo e as razões para ler. Magda Soares chama a
atenção para a consideração desses aspectos.
Essa interpretação traduz, além de um etnocentrismo, uma perspectiva
unilateral; etnocentrismo, porque a leitura é vista com desconfiança, em certas
culturas, às vezes, utilizada como instrumento de opressão; perspectiva
unilateral, porque os valores atribuídos à leitura expressam a visão, numa
sociedade de classes, dos grupos que a mantêm a posse e o controle dos modos de
produção (SOARES, 2004.p.20).
A cada tempo, as relações de
poder e fatos sociais influenciaram e determinaram os objetos lidos, as pessoas
que leem e os motivos para ler.
Freire afirma que a leitura de
mundo antecede a leitura da palavra, as colocações de Martins estão em
consonância com esse pensamento:
(...) a leitura se realiza a partir do diálogo do leitor com o objeto
lido – seja escrito, sonoro, seja um gesto, uma imagem, um acontecimento. Esse
diálogo é referenciado por um tempo e um espaço, uma situação; desenvolvido de
acordo com os desafios e as respostas que o objetivo representa, em função de
expectativas e necessidades, do prazer das descobertas e do reconhecimento de
vivências do leitor (MARTINS, 1994, p. 33).
Os avanços científicos e
tecnológicos, iniciados no século XIX e seus inúmeros progressos estendidos
para os séculos XX e XXI, trouxeram modificações e avanços importantes para a
cultura letrada, esses se mostram como desafios e novas possibilidades para o
professor e o estudante: celulares, computadores, ipad, e-book, kobo, lev,
netbook, smartphone, ipod, tablet, notebook, kindle. Esse contexto demonstra o
caráter social da leitura, a qual como prática que se modifica, se reinventa a
cada momento histórico.
O ato de ler é uma prática social
relacionada à concepção sociointeracionista de linguagem, a qual, segundo
Bakhtin, concebe a língua como:
a verdadeira substância da língua não é constituída por um sistema
abstrato de formas linguísticas nem pela enunciação monológica isolada, nem
pelo ato psicofisiológico de sua produção, mas pelo fenômeno social da
interação verbal, realizada através da enunciação ou das enunciações. a
interação verbal constitui assim a realidade fundamental da língua. (BAKHTIN,
1999, p. 123).
Nesse sentido, o texto é construído
na interação texto-sujeito (autor/leitor), num processo dialógico, em que o
leitor se constrói e é construído.
Então, um dia, da janela de um carro (o destino daquela viagem está
agora esquecido), vi um cartaz na beira da estrada. A visão não pode ter durado
muito; talvez o carro tenha parado por um instante, talvez tenha apenas
diminuído a marcha, o suficiente para que eu lesse grandes, gigantescas, certas
formas semelhantes às do meu livro, mas formas que eu nunca vira antes. E,
contudo, de repente eu sabia o que eram elas; escutei-as em minha cabeça, elas
se metamorfosearam, passando de linhas pretas e espaços brancos a uma realidade
sólida, sonora, significante. Eu tinha feito tudo aquilo sozinho. Ninguém
realizara a mágica para mim. Eu e as formas estávamos sozinhos juntos,
revelando-nos em um diálogo silenciosamente respeitoso. Como conseguia
transformar meras linhas em realidade viva, eu era todo-poderoso. Eu podia ler
(MANGUEL,1997, p.18 – grifos nossos).
A leitura possibilita o pensar, o
estabelecer relações entre passado e presente, compreender e ser sujeito da
história, podendo contribuir para a sua mudança ou apenas dar continuidade a
ela.
A escola, instituição legitimada para o ensino
da leitura, não pode pautar suas estratégias apenas na decodificação de
símbolos impressos, formando um leitor decodificador, treinado e mecanizado
para usar a leitura simplesmente para responder exercícios, atividades.
[...] a atividade de leitura é
difusa e confusa, muitas vezes se constituindo apenas em um pretexto para
cópias, resumos, análise sintática, e outras tarefas do ensino da língua.
Assim, encontramos o paradoxo que, enquanto fora da escola o estudante é
perfeitamente capaz de planejar as ações que o levarão a um objetivo
pré-determinado (por exemplo, elogiar alguém para conseguir um favor) quando se
trata de leitura, de interação à distância através do texto, na maioria das
vezes esse estudante começa a ler sem ter ideia de onde quer chegar, e, portanto,
a questão de como irá chegar lá... nem sequer supõe (KLEIMAN, 1999, p.30).
Assim, criar condições de leitura não implica apenas alfabetizar ou
propiciar acesso aos livros. Trata-se, antes, de dialogar com o leitor sobre a
sua leitura, isto é, sobre o sentido que ele dá (MARTINS,1999, p. 34).
Segundo os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCNs), documento que orienta a educação brasileira, a língua
é um sistema de signos histórico e social e deve ser ensinada no sentido de propiciar
uma aprendizagem significativa que dê ao estudante a possibilidade de
compreender a sua realidade e o mundo.
o leitor realiza um trabalho ativo de construção do significado do
texto, a partir dos seus objetivos, do seu conhecimento sobre o assunto, sobre
o autor, de tudo o que sabe sobre a língua: características do gênero, do
portador , do sistema de escrita, etc. Não se trata simplesmente de extrair
informação da escrita, decodificando-a letra por letra, palavra por palavra.
Trata-se de uma atividade que implica, necessariamente, compreensão na qual os
sentidos começam a ser constituídos antes da leitura propriamente dita (BRASIL,
1997, p.41).
O Ministério da Educação e
Cultura (MEC) implementou uma série de medidas para fornecer referencial
teórico, metodológico e avaliativo : Plano
de Desenvolvimento da Educação (PDE), instituição de Parâmetros e Diretrizes
Curriculares Nacionais, aplicação de avaliações para aferir os níveis de
aprendizagem da Educação Básica.
Os PCNs dizem que a leitura “(...)
é uma atividade que implica estratégias de seleção, antecipação, inferência e
verificação, sem as quais não é possível proficiência. É o uso desses
procedimentos que possibilita controlar o que vai sendo lido, permitindo tomar
decisões diante de dificuldades de compreensão, avançar na busca de
esclarecimentos, validar nos textos suposições feitas”. (BRASIL, 1998, p. 70).
Proporcionar atividades em que a
leitura é concebida e realizada como interação entre leitor (es)-texto-autor, permite ao aluno conseguir construir sentido
para o que foi lido. Ele passa a alterar a compreensão do ato de ler como
simples decodificação.
Em seu artigo Letramento digital
e ensino, o doutor em Linguística, professor Antônio Carlos Xavier, afirma que
a escola deve possibilitar a utilização de equipamentos digitais para que os
alunos possam reinventar seu cotidiano, por meio de diferentes usos da
linguagem em práticas sociais que envolvam a leitura e ou a escrita.
Os capítulos 3 e 4 discorrem
sobre a construção da proposta de intervenção e aplicação da sequência de
leitura, estes tratam, detalhadamente, da metodologia utilizada para o desenvolvimento
do produto. Essas etapas estão devidamente descritas no tópico Metodologia.
REFERÊNCIAS
BAGNO, M. Pesquisa na escola – o que é como se faz. 21.ed. São Paulo:
Loyola, 2007.
BAKHTIN, M. Estética da criação
verbal. 6.ed. São. Paulo: Martins Fontes, 2011.
BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental.
Parâmetros curriculares nacionais: língua portuguesa / Secretaria de Educação
Fundamental – Brasília: MEC/SEF,1997.
______, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental.
Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino
fundamental: Língua Portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 1998a.
CRESWELL, Jonh W. Projeto de pesquisa. Porto Alegre: Artmed, 2010.
KLEIMAN, Texto e leitor: aspectos cognitivos da leitura. 6.ed. São
Paulo: Pontes, 1999.
MANGUEL, Alberto. Uma história da
leitura. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
MARTINS, Maria Helena. O que é
leitura. Coleção Primeiros Passos, 19. ed. São Paulo : Brasiliense, 1994
(Coleção Primeiros Passos; ).
SOARES, Magda. Letramento: um tema
em três gêneros. 3 ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2009.
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