terça-feira, 16 de outubro de 2018



2ª Ficha bibliográfica

Estratégias de leitura: uma contribuição para a formação do leitor crítico e autônomo

I- Campo do saber abordado:
Estratégias de leitura para a formação do leitor crítico e autônomo


1.Leitura. 2. Práticas de leitura. 3. Leitura e formação.

Referência completa do trabalho:

Reis, Andréia doVale

Estratégias de leitura: uma contribuição para a formação do leitor crítico e autônomo / Andréia do Vale Reis. – Santo Antônio de Jesus, 2015. 174f.

Orientador: Profª. Drª. Monalisa dos Reis Aguiar Pereira
Dissertação (Mestrado Profissional em Letras - PROFLETRAS) – Universidade do Estado da Bahia. Departamento de Ciências Humanas. Campus V. 2015.

Contém referências e anexos.
1.Leitura. 2. Práticas de leitura. 3. Leitura e formação. I. Pereira, Monalisa dos Reis Aguiar. II. Universidade do Estado da Bahia. Departamento de Ciências Humanas.

CDD: 370.156

Motivação:

Dissertação apresentada à Universidade do Estado da Bahia-UNEB, como parte das exigências dо curso do Programa dе Pós-Graduação em Mestrado Profissional em Letras- PROFLETRAS para obtenção do título de mestre.
Orientadora: Profa. Dra. Monalisa dos Reis Aguiar Pereira
SANTO ANTÔNIO DE JESUS - BA
2015

Professores Examinadores:

Profa. Dra. Monalisa dos Reis Aguiar Pereira
Presidente
Universidade do Estado da Bahia – CAMPUS V

Profa. Dra. Rosemere Ferreira da Silva
Universidade do Estado da Bahia – CAMPUS V

Profa. Dra. Daniele de Oliveira
Universidade Federal da Bahia
Departamento de Letras Vernáculas



A dissertação pode ser encontrada no endereço:

https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=3388367 


II- O problema e as questões de pesquisa:
Pode-se construir uma intervenção pedagógica que possa favorecer a formação do leitor crítico e autônomo nas séries finais do ensino fundamental?

III- Objetivos:
Gerais:
Contribuir na formação do leitor crítico e autônomo por meio da aplicação de estratégias de leitura em textos argumentativos do gênero artigo de opinião.

Específicos:
Ampliar a aplicação de estratégias de leitura para a construção do sentido do texto;
Desenvolver as habilidades leitoras;
 Alterar a compreensão do ato de ler como simples decodificação em prática social.

IV- Metodologia:

 Desenvolveu-se a pesquisa-ação em um contexto de escola pública, onde a pesquisadora exerceu o papel de professora. O objetivo da escolha dessa metodologia era construir e investigar a eficiência de uma intervenção pedagógica, pois como afirma Bagno (2007, p.18) ela é uma ―investigação feita com o objetivo expresso de obter conhecimento específico e estruturado sobre um assunto preciso.

A pesquisa-ação, segundo Bagno, apresenta uma metodologia comum às outras pesquisas, visto que também trabalha processos de diagnóstico, de participação, produção e experimentação.

Nesse procedimento, o problema pede uma intervenção que propicie a mudança.

Essa estratégia consegue aliar a teoria à prática, analisar o já estabelecido e favorecer a construção de novos caminhos, conhecimentos.

O tipo de abordagem utilizada foi a qualitativa, pois o objetivo não era enumerar nem mesmo medir fenômenos, mas compreender os fenômenos a partir da ótica dos sujeitos envolvidos e propor soluções possíveis para o problema. A escolha por esse tipo de abordagem apoiou-se também no fato da pesquisa em educação considerar a historicidade, as crenças e os valores dos sujeitos envolvidos.

Segundo Creswell(2010), o uso do método qualitativo possibilita a utilização de múltiplas formas de coletas de dados.

Optou-se pela observação participativa, na qual o pesquisador observa e interage com os sujeitos do estudo, por meio do diálogo, entrevistas, conversa, visto que se trata de uma investigação descritiva. Nesse sentido, priorizaram-se as atitudes de observar, conhecer, compreender e explicar, considerando o processo dialógico.

Como pesquisa preliminar, foram realizados estudos e leituras, a partir dos dados, estabeleceu-se a seguinte hipótese:  aplicação de estratégias de leitura em textos argumentativos do gênero artigo de opinião poderia contribuir para a formação do leitor.

Pesquisa preliminar:

Entrevista com os docentes da escola sobre funções da literatura, importância da mesma para a formação do aluno e do docente, como trabalhar literatura em sala de aula, recursos utilizados nas aulas de literatura, dificuldades encontradas no trabalho com a literatura, em quais perspectivas e metodologia trabalhavam com a literatura.

Problema: Desempenho insatisfatório dos alunos em leitura, nas séries finais do ensino fundamental, pois este é um entrave para a construção da autonomia e criticidade dos alunos enquanto sujeitos sociais.
Este desempenho abaixo do esperado fora constatado a partir da análise dos dados das avaliações, atividades.

Os sujeitos da investigação:

 Eles compunham duas turmas do 9º ano, um total de 58 alunos, no entanto, os responsáveis autorizaram a divulgação de dados de apenas 30 estudantes. Deste total, 60% correspondem ao gênero feminino e 40% ao masculino.

A turma tinha 70% dos estudantes fora da faixa de idade para a série, entre 15 e 18 anos, os motivos variavam: repetência, entrada tardia na escola, abandono e retorno.

Instrumentos de pesquisa:

Para compreensão da situação dos alunos, no que se refere à leitura, foram escolhidos os seguintes instrumentos de pesquisa: memorial de leitura, uma atividade com questões da Prova Brasil, entrevista e exercícios de compreensão leitora do livro didático.

1º Memorial:

O memorial de leitura como instrumento investigativo possibilita perceber as relações sociais dos contextos históricos, culturais, ideológicos e emocionais dos sujeitos da pesquisa.

Os alunos deveriam fazer uma exposição do primeiro contato com os livros, do processo de aprendizagem da leitura de textos escritos, situações e recordações de prática de leitura em casa, das formas de ler e os suportes preferidos, autoavaliação sobre a própria leitura, as dificuldades, as sensações e sentimentos vivenciados durante a leitura.

O resultado demonstrou imposição da leitura como processo mecânico e baseado na mera decodificação. O ensino da leitura não envolvia a construção de sentido.

2º Atividade envolvendo descritores da Prova Brasil:

Aplicação de questões da Prova Brasil como instrumento de diagnóstico.
O resultado demonstrou que a capacidade leitora dos discentes estava no nível básico e abaixo do básico.

A análise dos dados foi feita quantificando o número de alunos que marcaram a alternativa correta.

3º Entrevista

Entrevista com os sujeitos da investigação, os estudantes, sobre o nível de entendimento de variados textos; a respeito da compreensão das questões de interpretação propostas por professores, avaliações, livros; estratégias utilizadas para compreensão dos textos.

A entrevista mostrou que os alunos, no geral, não leem os textos integralmente, apenas procuram palavras que indicam as respostas. Quando confrontados sobre a Prova Brasil, afirmaram que era uma avaliação que precisava ler e pensar, por isso as notas baixas. Observou-se que poucos estudantes percebem a necessidade da leitura completa de um texto para compreendê-lo corretamente, a habilidade leitora que mais dominam era localizar informações explícitas no texto.

4º Exercício de compreensão leitora

Este instrumento foi submetido a um processo de análise de conteúdo.
Investigar o comportamento dos alunos em uma atividade de compreensão proposta pelo livro didático.

Essa atividade contribuiu para traçar o perfil das turmas quanto à compreensão leitora e colaborou para direcionar a quais as estratégias de leitura que os alunos recorrem para a compreensão do texto.

Constatou-se uma leitura superficial, apenas conseguiam perceber informações explícitas nos textos. Houve dificuldade de identificar a tese, de estabelecer relação entre tese e argumentos, de inferir informações.

Proposta de intervenção

Após a etapa da pesquisa-intervenção, elabora-se uma proposta de intervenção:

Sequência didática- norteadora metodológica, então, decide-se aplicar as estratégias de leitura em textos argumentativos  do gênero artigo de opinião, pelo fato desse tipo de texto permitir o dialogismo , a polifonia, a discussão das questões sociais controversas, tendo por finalidade convencer ou persuadir o leitor.

Outro motivo para a escolha do artigo de opinião vem do entendimento da leitura como prática social e do estudo da língua sob a ótica do interacionismo. Sendo assim, o artigo de opinião promove maior interação, uma vez que convida o leitor para participar da opinião do autor sobre um tema polêmico.

A partir das vivências dos alunos delimitou-se o assunto: “Para o preconceito três ações são essenciais: repudiar, combater, denunciar”, o qual teve como foco quatro grupos sociais discriminados: índios, negros, mulheres e homossexuais.

Produto:
Sequência didática

Sequência didática o ― conjunto de atividades ordenadas, estruturadas e articuladas para a realização de certos objetivos educacionais, que têm um princípio e um fim conhecidos tanto pelos professores como pelos alunos (ZABALA, 2007:p.18). 

A metodologia desta sequência didática foi estruturada em um conjunto de atividades que envolveram recursos e as estratégias de leitura proposta por Isabel Solé (2009).

Objetivo: 

Desenvolver as habilidades leitoras;
Encorajar a destituição da subordinação passiva e do comodismo errante diante das propostas de leitura do livro  didático.

Aplicação da sequência didática:

As estratégias de leitura foram definidas e distribuídas em três módulos didáticos, foi atribuído a cada um deles um conjunto de atividades que visam promover a prática da leitura, o letramento digital, o lúdico e o estudo de elementos linguísticos, contribuindo para o conhecimento e a formação dos alunos enquanto sujeitos leitores.

Conteúdo: Estratégias de leitura
Gênero do discurso: Artigo de Opinião
Assunto: Discriminação
Tema: Para o preconceito três ações são essenciais: repudiar, combater e denunciar
Suportes: Revistas, sites, blogs, redes sociais ( whatsapp, Facebook)
Produto Final: Produção de um blog

Objetivos da Sequência Didática:

 Objetivo geral:

- Contribuir na formação do leitor crítico e autônomo por meio da aplicação de estratégias de leitura em textos argumentativos do gênero artigo de opinião.

Objetivos específicos:

- Ampliar a aplicação de estratégias de leitura para a construção do sentido do texto;
- Desenvolver as habilidades leitoras;
- Alterar a compreensão ato de ler como simples decodificação em prática social.

Habilidades a serem desenvolvidas

a) Estabelecer relação entre a tese e os argumentos oferecidos para sustentá-la;
b) Identificar a tese de um texto;
c) Distinguir um fato da opinião relativa a esse fato;
d) Inferir uma informação implícita em um texto;
e) Reconhecer posições distintas entre duas ou mais opiniões relativas ao mesmo fato ou ao mesmo tema.

Primeiro módulo: ensino e desenvolvimento das estratégias para a ativação dos conhecimentos prévios, o estabelecimento de objetivos para a leitura, a realização de inferências, a identificação do tema, o reconhecimento da ideia central e a elaboração da síntese, ou seja, resumo.

Após a realização das estratégias de antecipação das informações e ativação de conhecimentos prévios sobre o texto, os alunos realizam a leitura silenciosa do texto. Em seguida, a leitura compartilhada em voz alta.

Por meio dessa leitura, os alunos percebem as entonações que explicitam os efeitos da pontuação, também perceberão as previsões e a procura de indícios para constar a veracidade das previsões, as inferências;

O objetivo para essa etapa é ampliar a aplicação de estratégias de leitura para a construção do sentido do texto.

Para o desenvolvimento dessas ações foram utilizadas 18 (dezoito) aulas.

Segundo módulo: desenvolvimento de habilidades leitoras, por meio do gênero artigo de opinião. Nessa etapa, as atividades envolvem a identificação da tese, o estabelecimento de relação entre a tese e os argumentos oferecidos para sustentá-la, a distinção dentre fato e opinião, inferência e reconhecimento de posições distintas entre duas ou mais opiniões relativas ao mesmo fato ou ao mesmo tema presentes no texto.

Nessa etapa, as atividades ocorreram no período de 14 (quatorze) aulas.

 Terceiro módulo: Estudos sobre coerência e coesão. Leitura, seleção, socialização de textos e construção de sentido. Os alunos selecionaram artigos de opinião que abordavam o tema, publicizaram e apresentaram opiniões, comentários sobre os textos.

Após os três módulos, houve um momento para o letramento digital. Para essas ações os alunos fizeram uso de Internet, whatsapp, Facebook e blog.

Nessa etapa, foram utilizadas 8 (oito) aulas.

A proposta utilizou um tempo muito vasto e mesmo assim, não suficiente, segundo a pesquisadora.
O objetivo que norteou tais ações foi possilitar aos alunos situações e meios para alterar a compreensão do ato de ler como simples decodificação em prática social.

V- Conclusões:

Um dos resultados obtidos apontou para ganhos no que se refere à competência leitora dos sujeitos envolvidos, indicando desenvolvimento de habilidades de leitura. Outro aspecto sinalizado foi a contribuição do uso de artigo de opinião para a formação do leitor enquanto sujeito reflexivo. De modo geral, a aplicação da sequência didática, envolvendo as estratégias de leitura, provocou no aluno, sujeito-leitor, uma mobilização para a leitura autônoma e crítica acerca de si, do texto, do outro, da diversidade e do mundo.

VI- As contribuições especiais em relação ao assunto do trabalho:

Nos capítulos 1 e 2 trata-se sobre as concepções de leitura, contexto do leitor, escola e a pesquisa qualitativa. Eis algumas considerações:

A escola deve entender a leitura como prática social, pois ela interage com o leitor, possibilita a ampliação da compreensão que o leitor tem de si e da sociedade e lhe permite a inserção crítica e participativa no corpus social.

Os resultados das avaliações internas e externas do Brasil, nas últimas décadas, apontam para uma formação deficitária do leitor.

A leitura não representa valor positivo absoluto, pois há culturas que se baseiam apenas na oralidade, então não se pode ter uma posição etnocêntrica; há de se avaliar também quem produz os textos e atendendo a qual finalidade eles circulam socialmente. Já que é sabido que a cada época, as relações de poder e fatos sociais determinaram os objetos lidos, o público- alvo e as razões para ler. Magda Soares chama a atenção para a consideração desses aspectos.

Essa interpretação traduz, além de um etnocentrismo, uma perspectiva unilateral; etnocentrismo, porque a leitura é vista com desconfiança, em certas culturas, às vezes, utilizada como instrumento de opressão; perspectiva unilateral, porque os valores atribuídos à leitura expressam a visão, numa sociedade de classes, dos grupos que a mantêm a posse e o controle dos modos de produção (SOARES, 2004.p.20).

A cada tempo, as relações de poder e fatos sociais influenciaram e determinaram os objetos lidos, as pessoas que leem e os motivos para ler.

Freire afirma que a leitura de mundo antecede a leitura da palavra, as colocações de Martins estão em consonância com esse pensamento:

(...) a leitura se realiza a partir do diálogo do leitor com o objeto lido – seja escrito, sonoro, seja um gesto, uma imagem, um acontecimento. Esse diálogo é referenciado por um tempo e um espaço, uma situação; desenvolvido de acordo com os desafios e as respostas que o objetivo representa, em função de expectativas e necessidades, do prazer das descobertas e do reconhecimento de vivências do leitor (MARTINS, 1994, p. 33).

Os avanços científicos e tecnológicos, iniciados no século XIX e seus inúmeros progressos estendidos para os séculos XX e XXI, trouxeram modificações e avanços importantes para a cultura letrada, esses se mostram como desafios e novas possibilidades para o professor e o estudante: celulares, computadores, ipad, e-book, kobo, lev, netbook, smartphone, ipod, tablet, notebook, kindle. Esse contexto demonstra o caráter social da leitura, a qual como prática que se modifica, se reinventa a cada momento histórico.

O ato de ler é uma prática social relacionada à concepção sociointeracionista de linguagem, a qual, segundo Bakhtin, concebe a língua como:

a verdadeira substância da língua não é constituída por um sistema abstrato de formas linguísticas nem pela enunciação monológica isolada, nem pelo ato psicofisiológico de sua produção, mas pelo fenômeno social da interação verbal, realizada através da enunciação ou das enunciações. a interação verbal constitui assim a realidade fundamental da língua. (BAKHTIN, 1999, p. 123).

Nesse sentido, o texto é construído na interação texto-sujeito (autor/leitor), num processo dialógico, em que o leitor se constrói e é construído.

Então, um dia, da janela de um carro (o destino daquela viagem está agora esquecido), vi um cartaz na beira da estrada. A visão não pode ter durado muito; talvez o carro tenha parado por um instante, talvez tenha apenas diminuído a marcha, o suficiente para que eu lesse grandes, gigantescas, certas formas semelhantes às do meu livro, mas formas que eu nunca vira antes. E, contudo, de repente eu sabia o que eram elas; escutei-as em minha cabeça, elas se metamorfosearam, passando de linhas pretas e espaços brancos a uma realidade sólida, sonora, significante. Eu tinha feito tudo aquilo sozinho. Ninguém realizara a mágica para mim. Eu e as formas estávamos sozinhos juntos, revelando-nos em um diálogo silenciosamente respeitoso. Como conseguia transformar meras linhas em realidade viva, eu era todo-poderoso. Eu podia ler (MANGUEL,1997, p.18 – grifos nossos).

A leitura possibilita o pensar, o estabelecer relações entre passado e presente, compreender e ser sujeito da história, podendo contribuir para a sua mudança ou apenas dar continuidade a ela.

 A escola, instituição legitimada para o ensino da leitura, não pode pautar suas estratégias apenas na decodificação de símbolos impressos, formando um leitor decodificador, treinado e mecanizado para usar a leitura simplesmente para responder exercícios, atividades.

 [...] a atividade de leitura é difusa e confusa, muitas vezes se constituindo apenas em um pretexto para cópias, resumos, análise sintática, e outras tarefas do ensino da língua. Assim, encontramos o paradoxo que, enquanto fora da escola o estudante é perfeitamente capaz de planejar as ações que o levarão a um objetivo pré-determinado (por exemplo, elogiar alguém para conseguir um favor) quando se trata de leitura, de interação à distância através do texto, na maioria das vezes esse estudante começa a ler sem ter ideia de onde quer chegar, e, portanto, a questão de como irá chegar lá... nem sequer supõe (KLEIMAN, 1999, p.30).

Assim, criar condições de leitura não implica apenas alfabetizar ou propiciar acesso aos livros. Trata-se, antes, de dialogar com o leitor sobre a sua leitura, isto é, sobre o sentido que ele dá (MARTINS,1999, p. 34).

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), documento que orienta a educação brasileira, a língua é um sistema de signos histórico e social e deve ser ensinada no sentido de propiciar uma aprendizagem significativa que dê ao estudante a possibilidade de compreender a sua realidade e o mundo.

o leitor realiza um trabalho ativo de construção do significado do texto, a partir dos seus objetivos, do seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a língua: características do gênero, do portador , do sistema de escrita, etc. Não se trata simplesmente de extrair informação da escrita, decodificando-a letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que implica, necessariamente, compreensão na qual os sentidos começam a ser constituídos antes da leitura propriamente dita (BRASIL, 1997, p.41).

O Ministério da Educação e Cultura (MEC) implementou uma série de medidas para fornecer referencial teórico, metodológico e avaliativo : Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), instituição de Parâmetros e Diretrizes Curriculares Nacionais, aplicação de avaliações para aferir os níveis de aprendizagem da Educação Básica.

Os PCNs dizem que a leitura “(...) é uma atividade que implica estratégias de seleção, antecipação, inferência e verificação, sem as quais não é possível proficiência. É o uso desses procedimentos que possibilita controlar o que vai sendo lido, permitindo tomar decisões diante de dificuldades de compreensão, avançar na busca de esclarecimentos, validar nos textos suposições feitas”. (BRASIL, 1998, p. 70).

Proporcionar atividades em que a leitura é concebida e realizada como interação entre leitor (es)-texto-autor,  permite ao aluno conseguir construir sentido para o que foi lido. Ele passa a alterar a compreensão do ato de ler como simples decodificação.

Em seu artigo Letramento digital e ensino, o doutor em Linguística, professor Antônio Carlos Xavier, afirma que a escola deve possibilitar a utilização de equipamentos digitais para que os alunos possam reinventar seu cotidiano, por meio de diferentes usos da linguagem em práticas sociais que envolvam a leitura e ou a escrita.

Os capítulos 3 e 4 discorrem sobre a construção da proposta de intervenção e aplicação da sequência de leitura, estes tratam, detalhadamente, da metodologia utilizada para o desenvolvimento do produto. Essas etapas estão devidamente descritas no tópico Metodologia.

REFERÊNCIAS

BAGNO, M. Pesquisa na escola – o que é como se faz. 21.ed. São Paulo: Loyola, 2007.

BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. 6.ed. São. Paulo: Martins Fontes, 2011.
BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: língua portuguesa / Secretaria de Educação Fundamental – Brasília: MEC/SEF,1997.

______, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: Língua Portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 1998a.

CRESWELL, Jonh W. Projeto de pesquisa. Porto Alegre: Artmed, 2010.

KLEIMAN, Texto e leitor: aspectos cognitivos da leitura. 6.ed. São Paulo: Pontes, 1999.

MANGUEL, Alberto. Uma história da leitura. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.

MARTINS, Maria Helena. O que é leitura. Coleção Primeiros Passos, 19. ed. São Paulo : Brasiliense, 1994 (Coleção Primeiros Passos; ).

SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. 3 ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2009.


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