Práticas Educativas – um diálogo constante
Diário de aprendizagem
Quinta- feira, 09 de maio de 2019
Protótipo - Sequência didática no Ensino Médio Integrado Técnico de Informática
Tema: Projeto de vida
Público alvo: 1º ano
Componente curricular: Projeto integrador
Objetivo geral:
Fomentar momentos propícios para
desenvolver o autoconhecimento e projetar o futuro baseado em reflexões
positivas, diálogo e interatividade.
Objetivos
específicos:
Identificar autoconceitos e
valores pessoais que retrate a própria identidade;
Promover auto percepção através
de linguagem escrita, imagens ou símbolos;
Projetar o futuro estabelecendo
metas e objetivos;
Fortalecer as relações
interpessoais e intrapessoais com vistas à construção do projeto de vida.
Aula 1
1° momento
Apresentação inicial da
professora e da disciplina. Explanação: Por que existe no currículo,
importância, pretensões da disciplina, evolução da disciplina dentro do curso-
10 min.
Dinâmica de apresentação: sala em
círculo, dinâmica do fósforo- 30 min.
(Acender o fósforo, cada aluno
fará uma autoapresentação enquanto o fósforo estiver aceso).
2° momento
Reflexão com a música de Milton
Nascimento: Eu, caçador de mim.
Expor imagem em retroprojetor.
Entregar letra da música impressa
aos alunos.
Tempo utilizado: 6: 47 min =
preparação; 3’ + execução da música – 3’
47’’.
3° momento
Elaboração do texto com o título:
Eu, caçador de mim, autor da minha vida
Tempo utilizado: 15 min.
Recursos utilizados para esta
aula: caixa de fósforos, caixa de som, retroprojetor.
Objetivo da aula:
Propiciar um ambiente favorável e
descontraído para apresentação dos alunos.
Promover reflexão e
autoconhecimento por meio de atividades que fortaleçam a percepção a respeito
da própria identidade de modo que construam valores positivos.
Avaliação:
Observação de cada aluno e
registro (principalmente referente à redação: Eu, autor da minha vida)
Atividade para casa:
Terminar a atividade escrita: Eu, autor de mim.
Entrevistar uma pessoa (da família, comunidade ou não) que o aluno
admira, fazendo os seguintes questionamentos:
1-
Quais maiores dificuldades que enfrentou?
2-
O que te fez seguir adiante?
3-
Qual o sentimento que aflora ao olhar para traz?
4-
Como se sente hoje? Se se arrepende de algum
acontecimento ou fato ocasionado por você?
Obs: Se a pessoa mora longe,
utilizar algum recurso tecnológico como: whatssapp, skipe, messenger ou
ligação, se já estiver falecido, conversar com alguém mais próximo da pessoa
(irmão, filhos, vizinho).
Aula 2
1° momento:
Roda de conversa: Comentários do que achou
interessante ou chamou atenção na entrevista realizada. Há algum fato que
queira ressaltar para a turma?
Tempo utilizado: 15’
2° momento:
Inicialmente explicar que a
bandeira nacional é um símbolo importante do país e representa a história e
cultura de um povo: suas cores, formatos e estrelas têm significados
específicos. Explicar quais são.
Questionar: Seria possível fazer
uma bandeira que identificasse uma pessoa do mesmo jeito que a bandeira do
Brasil representa o país? Como seria uma bandeira pessoal?
Antes de iniciar a confecção da
bandeira, os alunos devem refletir sobre as seguintes perguntas:
Qual é sua melhor qualidade? O
que gostaria de mudar em você? O que mais valoriza na vida? Em qual atividade
você se considera muito bom? Quais aspectos marcaram sua história de vida? Como
você se vê no futuro?
Construção da bandeira pessoal- um
papel sulfite, solicitar aos alunos que personifiquem suas bandeiras pessoais
simbolizando com palavras, frases ou imagens as respostas das perguntas.
Socialização em grupo: O que mais a atenção na própria bandeira e
na dos colegas? O que cada aluno descobriu sobre si próprio e sobre os colegas?
Sugestão: compartilhar a
bandeira, fotografar, publicar em redes sociais, colocar como plano de fundo do
celular. As bandeiras podem ficar em exposição, convidar os pais para
conhecê-las.
Tempo utilizado: 35’
Recursos utilizados para esta aula: Imagem da bandeira do Brasil,
revistas, jornais, cola, canetas coloridas, papel sulfite.
Objetivos da aula:
Simbolizar características
pessoais;
Desenvolver a autopercepção;
Avaliação: Observação sistemática de cada aluno e registro (nível
de dificuldade para identificar-se e socialização).
Aula 3
1° momento
Vídeo: Projeto de vida.
Roda de conversa: Diferença entre
ter e ser- Reflexões: Qual o seu projeto de vida? Seu projeto baseia-se no ter
ou no ser? Como você quer estar daqui a 5 anos:
Tempo 15’
2° momento
Poema em retroprojetor: Verbo
ser- Carlos Drummond de Andrade
Em dupla os colegas dirão uma
para o outro como querem estar daqui a 5 anos. Dizer 3 metas a serem
alcançadas. O outro colega deve elaborar 3 estratégias para que ele consiga
alcançar seu objetivo. A dupla deve apresentar oralmente os planos que traçou
um para o outro.
Tempo: 35’
Recursos utilizados para esta aula: TV, retroprojetor.
Objetivos da aula:
Diferenciar ter e ser no projeto
de vida;
Promover diálogo e
interatividade;
Colocar –se no lugar do outro;
Compartilhar planos e projetos
futuros.
Avaliação: Registro sobre as discussões e ideias expostas.
Atividade para casa:
Fazer um quadro comparativo: Eu
agora? Eu no futuro?
Escrever texto respondendo as
seguintes perguntas: Como o EMI técnico em informática te auxiliaria neste
percurso presente- futuro? Quais competências e habilidades devo desenvolver
para conquistar meu objetivo futuro?
Aula 4
1° momento
Laboratório de jogos digitais
educativos- com ajuda do professor da área técnica os alunos deverão construir
2 avatares projetando a si próprio, um representando o presente e outro o
futuro. Traçar um caminho virtual com as competências e habilidades que
julgaram importantes na atividade para casa. No final do percurso ficará o
avatar do futuro.
Tempo: 50’
Recursos utilizados: laboratório de jogos digitais educativos.
Objetivos da aula:
Integração entre disciplinas;
Conciliar os conhecimentos já
desenvolvidos pelos alunos com a parte técnica, de formação profissional.
Avaliação: Planilha de habilidades a ser desenvolvida juntamente
com o professor técnico.
Análise da Sequência Didática
Nessa aula, duas propostas de sequência didática foram
socializadas, ambas comprometidas com o desenvolvimento de projetos centrados
na aprendizagem significativa.
Marco Antônio
Moreira (2017) retoma o conceito de aprendizagem significativa defendido por
Ausubel e esclarece que a nova informação precisa interagir com um aspecto
relevante do conhecimento prévio do estudante.
Zabala (2010), p.37 - resgatando Ausubel, Novak e
Hanesian - reitera a não- arbitrariedade no processo de construção e ampliação
do conhecimento, ou seja, o estudante diante dos novos conteúdos precisa
estabelecer relações comparativas entre o novo
e o já existente, integrar e atualizar seus esquemas de conhecimento:
“Quando acontece tudo isto - ou na medida em que acontece podemos dizer que
está se produzindo uma aprendizagem significativa dos conteúdos apresentados” .
Então, observado esse traço definidor das propostas,
optei pela sequência: “Projeto de vida”.
Ela foi elaborada para a disciplina Projeto Integrador, o desafio era trabalhar
a pertinência da disciplina ‘Projeto
Integrador ‘ com os estudantes recém- chegados à escola, ou seja,
aprendizes do 1º ano do Ensino Médio Integrado.
A educadora elabora
sua sequência, no intuito de apresentar soluções para o problema de evasão
gerado pela frustração dos discentes ao se depararem com os novos mecanismos do
processo de ensino e aprendizagem contemplados nessa etapa.
Zabala (2010),
p.85, defende a construção de propostas que partam da análise da realidade que
envolve os educandos, ele afirma que “partir da realidade e aproveitar os
conflitos que nela se apresentam tem que ser o fio condutor do trabalho”. Nesse
sentido, a sequência de atividades sugere o desenvolvimento da autopercepção, do
autoconhecimento, da pertinência do curso e da disciplina. A partir dessas
construções, os estudantes projetariam o futuro, pautados em reflexões
positivas.
As atividades
descritas pretendem constituir no educando uma visão crítica acerca da autocompreensão
e conscientização dos novos processos contemplados nessa etapa, por isso as
atividades, em sua maioria, estão voltadas para o desenvolvimento de conteúdos atitudinais.
Zabala (2010), p.85, discorre sobre a importância de propor atividades que
gerem mudanças atitudinais - “desenvolver atividades que façam com que os
alunos participem em processos de mudança atitudinal, pondo em crise suas
próprias proposições. Incentivar e ajudar para que ensaiem e provem as mudanças
que em muitos casos serão necessárias, favorecendo o apoio dos colegas nestas
mudanças”.
No entanto,
cabe ressaltar que há momentos na sequência de convergência com outros
conteúdos e a integração destes deve ser realizada, no decorrer da análise das
aulas retomaremos esse ponto.
Assim, vale
destacar a pertinência das atividades SD, no entanto, alguns pontos merecem ser
observados e reestruturados, por exemplo:
Na aula 1, ao
término da dinâmica utilizada para a apresentação do estudante, é necessário a
condução de um diálogo com os aprendizes, no sentido de abordar algumas
questões que os permitam ampliar e
consolidar as percepções sobre o entendimento da dinâmica.
Na música “Eu,
caçador de mim”, a educadora deve propor questões para nortear a interpretação
da canção, apontando aos educandos perspectivas distintas que corroborarão para
a constituição do sentido do texto.
O educador
pode utilizar esse diálogo como ponte para propor a escrituração do texto: Eu, caçador de mim, autor da minha história.
A música e o
texto podem ser mecanismos para integrar outras áreas do conhecimento, como:
Língua Portuguesa (estratégias para interpretação e produção de textos),
História (constituição do sujeito histórico), Geografia (a região e estado de
origem), Sociologia ( aspectos sociais, da política, do Estado), Arte ( ilustrar o texto ou música a partir de
algum mecanismo artístico).
Ao término
dessa aula, foi solicitado como atividade de casa: a realização de uma
entrevista, no intuito de colher um depoimento sobre a trajetória de vida de
alguém significativo para os educandos.
É uma proposta
muito interessante e merece um tempo maior para explanação dos resultados. Ao
fim, o educador pode corrigir os textos, propor a reescrita, expor essas
histórias no Blog da turma para que haja interação com o público e, sobretudo,
com os entrevistados que podem acrescentar comentários, esclarecimentos.
O relato
pessoal e a entrevista funcionam como ótimos instrumentos avaliativos, contudo demandam um tempo
especial para execução e reescrita.
Na aula 2,
além da explanação da entrevista, propôs-se a confecção de uma bandeira que expresse as peculiaridades de
cada discente. Como é uma atividade que exige uma autoanálise pode ser
finalizada em casa, posteriormente é preciso estabelecer uma conversa para
socializar essa experiência.
Na aula 3,
seria apropriado formular questões que direcionem a interpretação do poema de
Drummond.
Como tarefa de
casa foi proposto um quadro comparativo e a escrituração de um texto, as
sugestões são muito boas, porém são complexas, por isso seria mais viável a opção
por uma delas, como o texto propõe uma correlação com o EMI técnico em
Informática seria interessante privilegiar essa atividade.
Na última
aula, a proposta de integração com a área técnica para a construção de avatares
reivindica um tempo maior para sua execução. É essencial indicar para os
educandos o passo a passo dessa atividade.
De
modo geral, a SD requer um tempo maior para sua execução, pois é necessário que
a cada atividade de autoconhecimento, de pertencimento, de significância e
funcionalidade do EMI em informática haja uma discussão dialogada entre
professor e aluno. Zabala (2010), p.66, enfatiza esse aspecto ao mencionar: “se
levarmos em conta que o fomento da autoestima e do autoconceito é fundamental
para favorecer a aprendizagem, teremos que introduzir atividades que permitam
intercâmbios frequentes professor/aluno”.
Outro
aspecto fundamental é o tratamento dispensado aos textos produzidos, estes
devem nortear as reflexões sobre o uso da língua, desembocando na ampliação e
aprimoramento dos conhecimentos linguísticos, argumentativos, organizacionais e
funcionais do educando. A escrita e
reescrita também permitem traçar um quadro da evolução de cada aprendiz, sendo
assim um excelente mecanismo de avaliação, visto que Zabala (2010), p.66, já
esclarece que “reconsiderar, também, que sentido deve ter a avaliação, para que
se centre não tanto no que lhes falta aprender como no progresso que estão
experimentando”.
Referências:
MOREIRA, Marco Antonio, 1942-.
Teorias de aprendizagem / Marco antonio Moreira. - 2. ed. ampl. – [Reimpr.]. – São Paulo: E.P.U., 2017.
ZABALA, Antoni. A prática
educativa: como ensinar / Antoni Zabala: tradução Ernani F. da F. Rosa - Porto
Alegre: Artmed, 1998.
Fabiana, neste diário de aprendizagem, você manteve a mesma organização: descrição da proposta e análise. Isso, como já mencionei anteriormente, é muito produtivo para o leitor. Destaco, mais uma vez, o diálogo que você estabelece entre os autores e a sequência didática para construir sua análise. Esse exercício é muito importante para o seu percurso no mestrado. Gostaria ainda de enfatizar a relevância que a sua análise tem para o aprimoramento do seu próprio produto. Você apresenta uma revisão da sequência didática, sugerindo algumas mudanças. Esse é mais um exercício que permite que você passe por um processo de amadurecimento; nesse caso, esse processo favorecerá o seu produto, que também será uma sequência didática.
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